Se um riso vem teus lábios colorir de alma o rubor As almas a teus pés vem prosternar-se com ardor! A dor transluz dos céus, nos céus dos olhos teus Saudosos como o luar no mar a cintilar Tua sombra cheira mais que Um alvo jasmineiro todo em flor Quando tu passa fica um aroma a soluçar Tu és de Deus a obra prima, não tens par! És uma rima singular Teus olhos que em mistérios que só sabem a solidão E o mar quando espedaça n'alva areia o coração E os trenos da canção que em coro aos pés de Deus Em noites de luar, os anjos vão cantar Tu tens nos olhos a candura da amargura de uma cruz O teu beijo é uma bênção de Jesus A tua fala o pensamento à Deus conduz És, oh, espírito de luz! Tu és a pérola ideal que o mar gerou Tu és a flor mais aromática que Deus sonhou A mais plangente, meiga lira! Sons não tira como as notas desse teu falar Teus seios tem o sacro e doce aroma de um missal Teus lábios tem a eterna sensação da extrema unção Tu fazes sem pensar, os astros palpitar Tu fazes sem querer, as almas padecer Tuas tranças cheiram mais que As rosas transcalantes de um rosal Que a madrugada vem de orvalho perolar És uma flor da fonte à margem de cristal És um poema divinal! És a mais sonora estrofe do senhor És a irradiação mais branca do luar És a luz solar, um hino sideral! Nos olhos tens os raios de uma estrela vesperal Nos lábios tens a taça inebriante de hidromel Da imagem do perdão, tu és a cópia mais fiel! Tu és um coração de orvalho lá do céu Que um anjo a chorar verteu De lira a trescalar de intenso luminar Vendo mendigar da dor, o áureo fel És Caim, Abel, rosa de clarão Da cor dos alvos lírios de um magoado coração Jardim dos meus martírios de sonora emanação Eu quero assim morrer santificado em tua unção Oh! Doce luminosidade do luar Sacrário do penar