Quando eu morrer, não chorem minha morte Entreguem o meu corpo á sepultura Pobre, sem pompa, e sejam-lhe mortalha! Os andrajos que deu-me a desventura Outros prantos, não quero que não sejam Esses prantos de fel amargurado! Do minha companheira de infortúnio Que me adora, apesar de desgraçado! Não se insulte o sepulcro, apresentando Um rico funeral de aspecto nobre! Como agora, a zombar, me dizem vivo Podem morto dizer-me: Ah vai um pobre! Dos amigos hipócritas, não quero Publicas provas de afeição fingida! Deixem-me morto só, como deixaram-me Lutar só, contra a sorte toda a vida O pranto, açucena de minh'alma Do coração sincero, d'alma sã! De um anjo que também sente os meus males! De uma virgem que adoro como irmã Tenho um jovem amigo, também quero Que junte em minha essa, os prantos seus Aos de um pobre ancião, que perfilhou-me! Quando a filha entregou-me aos pés de Deus Dos meus todos, eu sei que terei preces Saudades e lágrimas também Que não tenho lembrança de ofendê-los E sei quanta amizade eles me tem E tranquilo, meu Deus, a vós me entrego! Pecador de mil culpas carregado! Mas, os prantos dos meus perdão vós pedem E o muito que também tenho chorado