Que noite mais funda calunga No porão de um navio negreiro Que viagem mais longa candonga Ouvindo o batuque das ondas Compasso de um coração de pássaro No fundo do cativeiro É o semba do mundo calunga Batendo samba em meu peito Kawô kabiecile, kawô Okê arô, okê Quem me pariu foi o ventre de um navio Quem me ouviu foi o vento no vazio Do ventre escuro de um porão Vou baixar o seu terreiro Epa, raio, machado, trovão Epa justiça de guerreiro Ê semba ê Ê samba á O batuque das ondas Nas noites mais longas Me ensinou a cantar Ê semba ê Ê samba á Dor é o lugar mais fundo É o umbigo do mundo É o fundo do mar No balanço das ondas Okê arô Me ensinou a bater seu tambor Ê semba ê Ê samba á No escuro porão eu vi o clarão Do giro do mundo Umbigo da cor Abrigo da dor A primeira umbigada, massemba yá yá Yá yá Massemba é o samba que dá Vou aprender a ler Pra ensinar os meu camaradas Vou aprender a ler Pra ensinar os meu camaradas Vou aprender a ler Pra ensinar os meu camaradas