Teus olhos quando tão às escuras São duas ave-marias Do rosário d’ amarguras Que eu rezo todos os dias Se eu de saudades morrer Apalpa meu coração Talvez eu torne a viver Ao calor da tua mão Se eu quero bem aos teus olhos Mas muito mais eu quero aos meus Pois perdeste nos olhos Não podia ver os teus Se os meus olhos te incomodam Quando estão na tua frente Eu prometo arranca-los E amar-te cegamente Gosto de cantar o fado Acho que o fado tem raça E que não foi só criado Para cantar a desgraça Se tenho medo da morte Não tanto como supões Tenho mais medo da vida E das suas ilusões