Enquanto existo num corpo Eu deixo que me vejam Porque me visto e caminho Enquanto existo num corpo Eu deixo que me ouçam Porque as minhas palavras soam Enquanto existo num corpo Compartilho meu espaço Porque convivo com você Enquanto existo num corpo Quem não me conhece Ainda podem me conhecer E quem me conhece Pode me convidar para um café Enquanto existo num corpo Tantas coisas eu posso fazer Para usufruir a vida Enquanto existo num corpo Acordo cedo e vou trabalhar Às vezes, confesso Que até tenho preguiça, mas vou Enquanto existo num corpo Tenho sonhos Tenho anseios e vontades Faço projetos para minha vida Enquanto existo num corpo Reclamo das imperfeições Uma ruga, uma cicatriz Meu cabelo, meu nariz Ou talvez viva me pesando Para ver se engordei Enquanto existo num corpo Tenho a chance de decidir E a elegância de escolher Entre reclamar ou agradecer Porque há quem não tenha Essa mesma sorte Ou então não aproveitaram a vida Tanto o quanto deveriam, ou queriam Porque se preocuparam demasiadamente Porque se privaram de viver Em nome da soberba e da ambição Muitos até se esqueceram Que poderiam amar e serem amados Muitos renunciaram ao lazer Porque acreditaram Que quando fossem ricos Poderiam fazer isso Mas, não tiveram tempo Nem para uma coisa, nem outra Porque veio a morte levando seu corpo Agora sem um corpo O que faz um espírito? O que faz a alma? O que faz a parte sem matéria? Viveremos eternamente E na eternidade permaneceremos Todas as almas Mas, sem abraço Sem forma Sem voz Sem calor Sem reflexo Somente o imenso vasto na imensidão Sem pulsar mais um coração Porque não existe mais um corpo Então olhe para você e para mim Me abrace enquanto puder Converse comigo Pergunte sobre o meu dia Me conte as boas novas Viva a sua vida intensamente Aproveite - a, ame - a Viver neste corpo que temos é uma dádiva Que um dia perecerá na terra E não teremos mais um corpo Somente alma e Espírito E não haverá mais o mesmo corpo