Hã hã hã A Iara, a que dorme Na vitória régia Ai daquele que cái na tragédia Da nudeza da sua voz Hu hu hu Iara a que canta a sitéria Ai daquele que cai na tragédia Da nudeza do seu véu É preciso manter a proa Da margem que encerra Se ele é livre ou se é dela A Iara, a que canta, a que chora Ao cair de todas as tardes a Iara surge de dentro das águas magnifica. Com flores enfeita os cabelos negros. No mês de maio ela aparece ao pôr do sol E à medida que Iara canta mais atraídos ficam os moços Houve um dia, um Tapuia sonhador e arrojado Estava pescando e esqueceu-se que o dias estava acabando E as águas já se amansavam. "acho que estou tendo uma ilusão" - pensou A morena Iara de olhos pretos e faiscantes erguera-se das águas O Tapuia teve medo, mas de que adiantava fugir Se o feitiço da flor das águas já o enovelara todo O Tapuia sofria de saudade e Iara confiante no seu encanto, esperava Nesse mês de florido maio, o índio entrou de canoa no rio, o coração trêmulo A Iara veio vindo devagar, abriu os lábios úmidos e cantou, suave, a sua vitória Houve festa no profundo das águas E sempre à tardinha aparecia a morena das águas A se enfeitar com rosas e jasmins Porque um só noivo não lhe bastava Hã hã hã A Iara, a que canta, a que chora Hu hu hu Iara Hu hu hu Iara