Maria Bethânia

Santo Amaro Ê Ê / Quixabeira / Reconvexo / Minha Senhora / Viola Meu Bem

Maria Bethânia


Trabalhei o ano inteiro, trabalhei o ano inteiro na estiva de São Paulo
Só pra passar fevereiro em Santo Amaro
Só pra passar fevereiro em Santo Amaro
Odiei, odiar
Odiei, odiar

Quem vem lá sou eu
Quem vem lá sou eu
A cancela bateu cavaleiro sou eu
Quem vem lá sou eu
Quem vem lá sou eu
A cancela bateu cavaleiro sou eu
Alô meu Santo Amaro
Eu vim lhe conhecer (vim lhe conhecer)
Samba, Santo Amarense
Pra gente aprender (pra gente aprender)

Eu sou a chuva que lança areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança destemida Yara
Água e folha da Amazônia

Sou a sombra da voz da matriarca da Roma negra
Se V'você não me pega
Você nem chega a me ver
Meu som te cega careta, quem é você?

Que não sentiu o swing de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Rohol?
Que não que não e nem disse que não

Minha senhora, onde é que você mora?
Minha senhora, onde é que você mora?
Vou fazer minha morada na beira do morro, é lá
É lá, é lá, minha morada é lá

Torne a repetir meu amor?
Ai, ai, ai
Torne a repetir meu amor?
Ai, ai, ai

Eu nunca vi tanta areia no mar
Sereiar, sereiar oh
Sereiar, ôh sereiar
Eu nunca vi tanta areia no mar
Sereiar, sereiar oh
Sereiar, ôh sereiar

A menina foi embora
A menina foi embora
Foi embora e me deixou
Nas asas dum passarinho ela voou, voou
Nas asas dum passarinho ela voou, voou

Mia foi samba só
Foi samba só
Na ventania

Vou me embora pro sertão
Viola meu bem, viola
Eu aqui não me dou bem
Viola meu bem viola

Sou Maquinista da Leste
Sou empregado do trem
Vou me embora pro sertão
Que eu aqui não me dou bem

Ôh viola meu bem viola
Ôh viola meu bem viola
Ôh viola meu bem viola
Ôh viola meu bem viola

Sou o preto norte, Americano forte
Com brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música
A mais velha, a mais nova
Espada e seu corte

Sou o cheiro dos livros desesperados
Sou guita cocoia
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha careta, vou descartar

Quem não rezou a novena de dona Canô?
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho beija-flor
Quem não amou a elegância subtil de pompom
Quem não é recôncavo e nem pode ser Reconvexo

Vou me embora pro sertão
Eu aqui não me dou bem
Ôh viola meu bem, viola
Ôh viola meu bem, viola
Ôh viola meu bem, viola
Ôh viola meu bem