Lá na roça era bonita nossa noite de natal O meu pai apanhava flores as mais lindas do quintal Para enfeitar a varanda as janelas e o beiral Colocava bandeirinhas até no fio do varal A porteira e os portões os palanques e os mourões meu pai pintava de cal Debaixo de um parreira sobre à luz de uma candeia A gente ali de juntava meia-noite tinha ceia Se a noite fosse clara céu azul de lua cheia Ficávamos conversando até umas quatro e meia Oh meu Deus que maravilha no almoço da família, novamente a casa cheia Os compadres do meu pai não faltavam na reunião Alguns vinham a cavalo e outro de carretão Chegava gente de longe algumas léguas de chão Uns vinha lá da estiva outros do chapadão Eram muitos afilhados de crisma e batizados, o meu pai dava benção Já no primeiro do ano a festa se repetia A turma estava de volta tudo aquilo prosseguia O meu pai matava um boi com os vizinhos repartia Era muito diferente do jeito de hoje em dia Era uma festa animada dentro da nossa morada, tudo era alegria Depois vinha outra festa no comecinho do mês Uma semana depois já era o dia seis A gente ali festejava o dia de Santo Reis Tudo o tempo pois um fim tudo isso se desfez O meu sonho é uma promessa de ver outra festa dessa, nem que fosse uma só vez