Quando eu canto milonga Cresço uns metros de altura Vou chateando os gaudérios E ninguém mais me atura Boto rima no mate E milonga nos dedos Que o bordão vem me bate Me ensinando um segredo Milonga é solta das patas Campereia no mundo Vem e vai e maltrata Um coração vagabundo De um milongueiro solito Que não tem nem pro pito Mas num grito de aflito Ele canta bonito Se eu canto milonga É porque tudo se alonga E eu boto os "zóio" na lua Se eu canto milonga É porque tudo se alonga E eu saio gritando na rua Quando eu canto milonga A alma véia prolonga A cordeona dá crias Me desova poesias Solo se sabe que era Minha vida tapera Quando me fui pro galpão Proseando com o violão Me orgulha o pampa e o rio grande Nunca vi nada igual E onde quer que eu ande Sempre me chamam "bagual" Um milongueiro solito Que não tem nem pro pito Mas num grito de aflito Ele canta bonito