Quanta seca e poeira Ainda banham meu sertão Homens cactos, vida e morte Se arrastam neste chão É a fúria desta vida Que calejam suas mãos São os gestos, as palavras Que dão força a oração As violas e lamentos Que se faz o improvisar É a dor que se faz canto Sem dar tempo meditar É a guerra da tristeza Fazendo o homem chorar É a força incandescente Querendo tudo secar No ermo dessas caatingas De espinhos, pedras e pó De histórias violentas Do cangaço e do amor É aqui que mora a arte E a bravura do cordel Vi crepúsculo avermelhado Cor de sangue neste chão