Gilberto Gil em 82 decreta Não se meta a exigir de um poeta Tomo pra mim este seu tratado Pra te contar o quanto fico irado Incorporo o ser poeta Não sou roqueiro nem sambista Nem bluseiro ou tanguista Não tenho nada Só ponto de vista E ponto de vista Já dizia Boff É a vista a partir de um ponto Ponto não se fixa, saiba O ponto é meu, o ponto é meu, é meu Me deixe expressar Cuspir meu som sem explicar Quero que me ouça Não que me classifique Não é disso que se trata Quando escolho a palavra a dizer, escrever ou a cantar É um grito, um gemido, um lamento Que dá a alma alento Que a livra de um tormento, de um tormento Quantas estradas e passagens Quantas ruelas e vielas Quantos infovias, metrovias Quantas e quantas sequelas Cinquenta anos gestando Imagine a dor deste parto Imagine o quanto isto livra O livramento de quem precisa O expiar da vida inquieta Como exigir então Seja herói ou vilão Algo mais deste poeta