Lisboa é uma criança perdida ao pé do mar Sem casa onde dormir, trapeira onde morar Brincando alheia à dor, ao vento que assobia Por entre o doce véu de alguma gelosia Lisboa é uma criança de crua pele morena No pátio escuro e pobre da vila mais pequena Lá vai descendo a rua, velhinha e descalçada Vender laranja nova por pouco ou quase nada Nocturno passarinho, cativo de orfandade Correr da doce mágoa ao colo da cidade Deixando duras penas a quem quiser cantar Lisboa é uma criança perdida ao pé do mar