Nasci na lida costeira Do ventre de um sapucay Meu catre foi uma balsa Se embalando no Uruguai Do interior das águas mansas Vem a hóstia do alimento Pois Tupã deixou nas águas A prata do meu sustento Sonho de rio e de peixe Cantiga de corredeira Minha vida é barro de enchente Perigo é sina chibeira (Por isso rezo uma prece Cada vez que sai o sol Pedindo a Deus proteção Que me alcance a luz do pão Em cada isca do anzol) Na garupa do caíque Passo eu o dia inteiro Me criei domando as ondas Deste meu rio missioneiro Entre piavas e dourados E algum bagre caborteiro O destino descarnador Engoliu meu sonho inteiro Vida vem e vida vai Meu llanto é água de rio Paisana que foi embora Num barco que se sumiu (Por isso rezo uma prece Cada vez que sai o sol Pedindo a Deus proteção Que me alcance a luz do pão Em cada isca do anzol)