Era mui larga a distância Nas noites, lembro-me ainda Do rancho da minha infância Desde a porta até a cacimba Embora uns poucos passos Me apartavam do destino Eram cem léguas de espaço Pra os meus olhos de menino Recordo as noites escuras Tendo em volta o descampado Mal divisando as figuras Das vivas sombras do gado Da água saloba, o gosto A alma, um poço sem fundo E o meu coração feito um potro Pelas carreiras do mundo Hoje, as sombras já não são Assombrações de um guri Mas toda luz que ganhei De imaginação, eu perdi Só mesmo de vez em quando Ao apagar-se a cidade Volto à infância e me assombrando Chega de longe a saudade