Terra à vista Era um dia 22 de abril Aos raios do sol clareava O verde da mata Um céu sereno azul-anil Iaras e sacis choraram As lágrimas rolaram Aos sons da clã Tupi Boiunas, curumins Se perguntaram: O que é que eles estão Fazendo aqui? Terra à vista Os olhos de Cabral Se deslumbraram E as lusas caravelas da conquista De selva e pau-brasil Não se fartaram Pindorama A cruz e o cantochão Que te buscaram No canto do pajé Na tua chama Em cores e luares Se encontraram Brasileiramente eu não entendo Lusitanamente quem me viu Fui índio da taba Eu fui pátria amada Idolatrada eu fui Brasil A primeira vez que eu vi Na crucificação O teu Deus ferido Pela tua própria mão Ah... foi tal premonição... Me vi na servidão Depois chorei ao ver Um filho Pataxó arder Queimar, morrer Ai, sem compaixão Brasileiramente eu não entendo Teu gigante amado e varonil Sou índio sem taba Sem terra sem nada Incendiado em teu Brasil Tchukarramães, Kren-a-Karores Caiapós, Terenas, quem partiu Xavantes, Bororos e Tupiniquins Fogueiras vivas do Brasil