Quem me vê sentado atrás dessa mesa de escriturário, não vê o tarado, o louco, o sanguinário, o bárbaro sem véu, o estripador cruel. Não me vê no convés de um veleiro de três mastros me guiando pelos astros a caminho de Bornéu Não sabem que eu roubo meninos na praça quando a tarde cai e que os vespertinos já me apelidaram de monstro assassino do Parque Shangai... Mas eles não sabem que eu sou gigolô de beira de cais que eu sou o autor do crime da mala que eu larguei o trapézio por beber demais... E nem imaginam as atrocidades que vou cometer Não desconfiam que a causa de tudo é não conseguir me esquecer de você Eu não consegui me esquecer de você...