Vem do posto da pitangueira dois campeiros de à cavalo Um num mouro tapado da cabeça encarneirada Numa marcha troteada de parar água no toso O outro é uma curunilha num baio ovo-de pato Tal um retrato do pago sobre a moldura do estribo! O vento faz redemoinho de franjas nas cabeçadas Pelas orelhas trocadas vai a tenência dos pingos A cachorrada ovelheira campeia a volta do gado Que estende encordoado, tranqueando manso e se indo Quando um touro fumaço ganhando o campo do fundo Entoa um berro pra o mundo, que é o seu canto de guerreiro Com ponteios naturais e acordes de picardia Que tem poesia e retovo por simples e verdadeiro Gritos de: Pega cachorro, quando nos toca a bolada É o hino destas canhadas, é um verso do pastoreio Que não ficará esquecido na goela de um sulino Enquanto existir malino refugador de rodeio Um contracanto imediato dos ovelheiros acoando Como que reclamando da cria que sai do ninho Sonoridade rural parida num descampado Pra aconselhar touro alçado cantando junto ao focinho São vozes nas invernadas, cachorro, touro e campeiros Mas são os pingos parceiros, que mostram alma e essência Pondo inquietude no andar, pedindo freio, escarçeando Como quem canta sonhando numa ronda da querência!