Lá do alto, o Cristo de braços abertos Cá de baixo, os olhos sempre dispersos Será que eu virei paisagem? Será que ele olha por mim? Será que é só miragem? Será que é o começo do fim? Pra mim melhor nem ser Se acontecer do tempo virar Se ao entardecer a noite calar Que será de mim? Acontece nas noites mais escuras Neblinas mais densas, pedras mais duras Há de se chegar do outro lado da solidão Atravessar a nado a solidão Só pra ver nascer o clarão Em forma de voz Estrela acesa por nós Desperta do sono os seres que não sonham sós Manhã de Sol De sóis De braços abertos por nós