Com as asas leves e presas Em duras gaiolas pequenas Frágeis pássaros cativos Como me causam penas Seus vôos tão invejados Pelo homem cibernético Que tenta em vão imitá-los Num voo tenso e hermético O homem quer ser mais homem Ceifando o menor entrave Mas não permite que o pássaro Seja somente ave O homem grita lá fora Clamando por liberdade Sutil sem ver que aprisiona Você no céu da cidade Seus pulos na grade estreita Seus vôos atrofiados Seu canto benevolente Seus olhos que são furados Seu olhar de incompreensão Seu ninho artificial Sua prisão injusta Ser gente como me assusta Por que cantar na gaiola? Pássaro do belo trinado Se desse urros medonhos Ninguém o traria trancado