Ela tem um fogo de meretriz E uma bipolaridade de atriz Ela é realística e utópica Seu olhar vidrado nada nos diz Sempre marejados qual chafariz Ela é instigante e misantrópica Já cansou da ladainha, se aborreceu com a vizinha E já voou pro infinito qual vaga-lume Qual andorinha, qual joaninha, qual condor Comparando o que ela sonha, com o que existe de verdade É um exagero à flor da pele Que enlouquece, que entorpece e que transcede Transcede uma hipérbole Ela desperta em seus sonhos uma sensação de nunca mais Em toda a sua decência, ou em sua concupiscência O seu pensamento corre e conduz Numa rapidez de anos luz À beira do abismo da paixão Ela traz calor no seu olhar Mas às vezes traz um gelo polar São os dois lados do seu coração Não se pode com o tempo, é inevitável como o vento Tampouco pode embriagar-se em velhas taças Já derramadas numa calçada de desamor Já sofreu tanta nefasta por gente de toda casta E a sua amiga lhe negou um beijo do namorado Pôs seu retrato afixado no quadro da dor Ela vai amar para sempre esse hediondo rapaz Mesmo que a mulher dos seus sonhos não lhe abandone jamais