Minha  voz  vai  dilacerar
O  vento
Consumar  os  fatos, reter
Momentos
Como  quem  soubesse  o  que  há  por  trás
Do  pensamento  
Minha  voz  vai  conduzir
O  tempo

Canto  atroz  que  vem  de  outro  dom
Espelho
Luz  da  noite, canto-neon
Vermelho
Que  sai  da  garganta, santa, e canta
De  joelho
Minha  voz  vai  como  quem dá
Conselho

Quando  o  acaso  inventa  algum  som
Anseio
Posso  ouvir  o  mar
Na  mão
Guardo  a  vida  dentro  do  som
E  creio
Em  luas  de  crepom
Noites  de  cetim

Albatroz  sutil  sobre  o  altar
De  areia
Alba  voz  que  à  toa  a  entoar
Passeia
Pensa-se  exata  e  acata  o  tom
Que  em  si  clareia
Minha  voz  é  meu  pulsar
De  veia