A vida vem como enganos E eu faço versos incertos Mesmo que mudem os afetos Mesmo que rasguem meus panos Eu teço em versos concretos Meus folhetins suburbanos Poetas cantam delírios E eu faço versos de anseios Mesmo que brotem receios Mesmo que sequem meus rios Eu faço os versos mais feios Pra tapear meu martírio A vida vem como enchentes E eu faço versos vazios Mesmo nos cantos sombrios Mesmo nas horas doentes Meus versos tontos, vadios Me escorrem por entre os dentes Ainda que anulem os anos Ou que se percam meus filhos Meus versos vão como trilhos Que não têm rota nem planos