Meus olhos são poços De mirar bem perto E buscar ausências De causar espanto Sendo que o destino Abusou do tempo Caperiando o pago Dos pelegos brancos Duas léguas ficam Do potreiro ao outro Nestas recorridas Cruzo na tapera Minha ideia anda E eu aqui mirando Um banheiro de ovelhas Coberto de terra Quantos homens guapos Nesta vida fora Com sonhos e ganchos Mergulharam ao vê-las E foram rio grande Trabalhando a pé Com a garganta seca Do pó da mangueira Sei que muito outros Por aqui cruzaram E pro abandono Não deram valor Meus olhos são poços Que alargam o peito De sonhos aterrados Sem escorredor Então sigo ao tranco A recorrer tristezas Mas meus cachorros Marcaram território Deixando respingos Nos escombros gastos Escorrendo lágrimas Ficaram meus olhos Quem sabe o futuro Nos traga de novo Sonhos e banhos Borregada parelha Que a indiada lide Como rebanho grande E a garganta roca De gritar com ovelha