Meus silêncios são de terra Meus cavalos, são de campo E a morte que sabe tanto Um dia, há de apartá-los Pela intenção dos cavalos Eu renasço todo o dia Quando a vida se anuncia No canto largo dos galos Minhas razões são de terra Para cantar campo e gente Tenho cismas de enchente Murmúrios de sanga rasa Quando a palavra extravasa Se afirma em seu conteúdo Se for preciso, diz tudo Depois, retorna pras casas Meus gateados são de terra Beberam a cor do açude Talvez, o tempo não mude O quanto me faz querê-los Mesmo sangue, mesmo pelo E uma razão ancestral De, entre o bem e o mal Ter a alma por sinuelo Minhas visões são de terra Que fecho os olhos pra vê-las Tenho lumes de estrelas Guardados, pra noite escura Me batizei nas lonjuras Pra entender que preciso Ser, bem mais do que diviso Entre o querer e a procura Meus arreios são de terra Qual o banco que me sento Onde o estrivo é o sustento A um par de botas surradas Tenho muito e tenho nada De tanto que fui verdade E andei povoando a saudade Quando provei as estradas Meus escritos são de terra Aquerenciados no peito Ressurgidos pelo feito De serem da mesma casta Tenho a mirada tão vasta Pelo chapéu, pelo freio E assim, quando me apeio Sou terra e isto me basta