No potreiro frente as casas A boeira acende o brilho Contraponteando o branquilho Que se desmancha na brasa Um sangrador pede vasa Pingando sobre o fogão Meu zaino quebra a ração E o silêncio desta hora Enquanto o garfo da espora Se abraça no garrão No varejão da porteira Um galo de goela afiada Despachando a madrugada Na clarinada campeira Saúda as barras da fronteira Debruçada sobre os montes E o dia vem de reponte Destapando a noite preta Que vira o carnal da baeta Sobre a anca do horizonte Arrocho o bocal do zaino Ato o cacho a canta galo Alçando a perna no embalo Sobre o basto castelhano Pois sou mais um aragano Sem divisas, nem bandeira Que ergue a pátria campeira No coração e nos tentos Mudando o rumo dos ventos Sobre o junco das basteiras Costeando o aramado Que se estende em sete fios Foi bombeando o tramerio Recorrendo todo o banhado Boto o sal e conto o gado E o rebanho das ovelhas Enquanto o pingo escarceia Escutando a conta da talha Esmaga o pasto e ensaia Um contra-jogo de orelhas E no trinar da cantilena De puro aço templado Lampeja raios prateados Que suga a terra morena Salga a pele dos torenas Embaçando até as retinas E eu fecho um baio georgina Contra estas horas de calma E adoço as penas da alma Saboreando a minha sina