Com os óculos molhados ela espiou Através das lentes embaçadas Portas que sempre a detiveram Corredores que não levaram a nada E se nem tudo estava errado Quase nada estava certo Talvez bem longe eu enxergue O que não vejo aqui por perto E assim ela saiu um dia, pensando esquecer E assim ela seguiu sozinha, tentando pertencer Na mala alguns livros de sartre Nos braços os discos de rock No coração seu maior segredo Guardado pra que ninguém toque E pra quem tem visão de águia A noite nem sempre é escura Se eu trago sujeira na face, ela disse A alma vai estar sempre pura E assim ela saiu um dia, pensando esquecer E assim ela seguiu sozinha, tentando pertencer Mas lá fora na selvageria Os lobos em cima dos morros Com a cara virada pra Lua Imploram, uivam por socorro E já não há água nestes rios de asfalto Com margens de pedra e concreto Nem pontes compridas, seguras Nem porto que seja secreto E assim ela saiu um dia, pensando esquecer E assim ela seguiu sozinha, tentando pertencer Gotas de medo se instalaram Nos olhos da sua esperança Não saber quem é o parceiro E nem o ritmo da dança Talvez haja tempo pra pensar Talvez não haja o que fazer O ontem é so uma lembrança Amanhã não é o que devia ser E assim ela saiu um dia, pensando esquecer E assim ela seguiu sozinha, tentando pertencer