A sola do pé na terra, o destino o nariz aponta Noite engolindo a estrada, um breu que não me desaponta A Lua de lamparina, um beijo na minha lembrança Crescente no seu quarto, brincando feito uma criança Vou caminhar, caminhar, caminhar, vou caminhar! Bolsa de pele de lhama o cadeado é um nó Cachaça com canela e mel para não dizer que eu estou só Os olhos das criaturas noturnas me deixam atento A música das cachoeiras as vozes que chegam no vento Vou caminhar, caminhar, caminhar, vou caminhar! Mesmo a minha sombra nem sempre me acompanha Pela vida afora quem se perde é quem me ganha A natureza humana, natureza morta Se a mochila é minha casa, ninguém bate na minha porta Vou caminhar, caminhar, caminhar, vou caminhar! Não trago bobo de pulso, nem folha de calendário O Sol e os passarinhos não cobram o meu horário Perguntam-me onde vivo, eu moro perto do céu Em cima do chão que piso embaixo do meu chapéu Vou caminhar, caminhar, caminhar, vou caminhar!