Tua lembrança me lembra um tempo Que eu era grande e me via pequeno Que eu era vários e estava sozinho Sentindo o fungo do fundo da poça vazia Tua lembrança me lembra um tempo Que eu era um forte feito de areia Que eu era um grito vagando em vácuo Bebendo o copo da última gota, agonia Tua lembrança me lembra as flores Pisoteadas por pés de gelo A melodia da tua voz Semitonada, sempre tocada fria Tua lembrança me lembra o nada Sintetizado na tua retina O prejuízo dos meus desejos imensuráveis As tuas vagas vias Tua lembrança me lembra o lapso Tremor de medo dos torturados Esgoto exposto, ferida aberta Bestialidade da crença, a fera cria Tua lembrança me lembra o farto Sorriso fácil dos imbecis Ajoelhados no teu altar Periclitante mancal de vidro ruía