Então, vamo fazer um som sobre a lapa, sério! Porra, demoro! Eu me sinto fraco, longe, saudade dos Arcos e do bonde Lapa, bem-vindo, aonde os ratos se escondem Espaço da cidade que pra mim é um marco Não é viagem, toda vez que eu parto, eu nasço Toda vez que eu parto uma parte de mim se faz Cada verso é um pedaço disso que eu deixei pra trás Esse é meu universo, cortiços, cabarés, vidas sem compromisso Vivida do jeito que não se vive mais E a cada vez que eu tô de volta São mais crianças na calçada, isso muito me revolta Sem esperança, minhas lembranças de infância Viraram souvenir de nada, olhe em volta Mas eu me sinto forte perto, dos amigos, no Rio antigo Esse é meu abrigo, onde eu me identifico Esse é meu bairro parceiro, da Riachuelo a Taylor Todos tem que reconhecer que Quem faz a lapa viver, é nós! Joaquim Silva, às 5 da matina, família, num free da esquina As mina chama as amiga pra ver, (Marecha na rima!) Sem imitação de platina, tira os refletor de cima Só o espírito dos mestres das antiga, que ilumina Bezerra, Morenguera, João Nogueira, Jovelina, Bota a mão no coração, os copo de limão pra cima Muita saúde LAPA, um brinde à malandragem Aos que não estão mais com nós, paz, derramo um gole de homenagem Cada pingo no chão, fortalece a raiz A razão de quem quer ser feliz na missão Meus irmão, tão de pé, sempre disposição, Só quem é, com meu som, sua mulher pede bis, vacilão Eu vivo a pista, a visão não mudou é o mesmo chinelo no chão, coração merecedor Pra quem diz que eu sumi, não entende profissional Nem todo sábado eu tô lá, mas a batalha ainda é real Quem faz a lapa viver é nós! A Lapa, a Lapa tá voltando a ser a Lapa Onde ainda tem brasa, tem sinal de fumaça Já são 8 da manhã, a gente ainda tá aqui Tipo 1998, eu, Marecha e Aori é só olhar pro lado, a gente ainda tá ali, viu? Num é só de rima que se faz um MC Também de sonhos de rua, de ter uma boa mina De chegar no palco do Circo e todo mundo botar a mão pra cima Lá eu aprendi que tem que tá sempre alerta Um bom lugar, uma boa conversa Pedaço cheio de gente trabalhadora Fica ou não de bobeira de segunda a segunda-feira Correr atrás do seu espaço nos palcos, ou Ficar esperando o sol nascer atrás do Arcos Se não conhece, pode chegar parceiro O coração da Boemia, Centro, Rio de Janeiro vai O L é o meu lar, o A é o amor que não pode faltar No P eu peço paz aos parceiros, aos pioneiros Poetas e partideiros que estiveram aqui entre nós Quem faz a Lapa viver, é nós!