Uma guitarra soluça Alguma angústia desperta Uma saudade se alarga Toda distância se encurta Quando transcende um poeta Não são necessárias rimas Para gerar obras-primas No ventre de uma ilusão Pois a arte é um lenitivo Pra quem anda pensativo Nas trilhas da solidão Parece até que se vaga Pra lá da vida terrena O sentimento é uma adaga Quando a paixão entra em cena Que fere fundo e afaga O coração do poema E vão brotando do peito Imagens pra esta emoção E o poeta, que é um amante Sabe que tem, nesse instante A própria alma nas mãos Quando a guitarra soluça Vem a lua e se debruça Sobre o portal do jardim Não sabe, ela inocente Que fustiga, ardentemente Lembranças dentro de mim