Estrada velha pelo tempo esburacada Velha herança retratada da lida que longe vai Por quantas vezes eu passei com a peonada Em manhãs tão orvalhada ao lado do velho pai Estrada velha ladeada de barrancos Hoje os meus cabelos brancos lembram a vida passada Até parece que eu ouço a todo instante O repique de um berrante num estouro de boiada Ei boi, eia Caminha lento passo a passo pela estrada Ei boi, eia Quanta saudade do aboio da peonada Estrada velha quando o vento está soprando Vejo a poeira levantando e já começo a imaginar Uma boiada que de longe vem chegando E alguém vem me chamando pra, com ele, viajar Estrada velha só me resta o passado O teu leito empoeirado e já cansado de esperar Ouvir de novo o berrantear de um boiadeiro Pra chamar os companheiros que não podem mais voltar Estrada velha o meu pai já foi embora para onde Qualquer hora eu também tenho que ir Mas vou deixar por testemunho um só pedido Como derradeiro abrigo tua terra a me cobrir Estrada velha meu pedaço de lembrança Me perdoe a insegurança desta lagrima chorada Não tenho muito pra deixar na despedida Mas te deixo minha vida como herança velha estrada