Odeio o teu esqueleto ciumento E os seus ornamentos de suicida Destilo ódio! Odeio as tuas tesouras perversas. Destilo ódio! Odeio a colecção de animais embalsamados Que escondes nas gavetas do teu quarto. Destilo ódio! Odeio essas peçonhentas mãos de bruxa E a obscenidade das tuas unhas. Destilo ódio! Odeio-te amuleto maligno que me intoxicas os sonhos Com esse hálito pérfido que até o metal corrompe. Destilo ódio! Odeio-te barca sonâmbula. Destilo ódio! Odeio-te farol esclerosado Onde a luz cresce mutilada. Destilo ódio! Odeio-te morte mansa Que forras de veludo as paredes desta alcova. Destilo ódio! Odeio-te maldita celerada.