Às vezes, fico tenso, Fico "penso, logo é triste" Fico sem voz e sem gosto Com vontade de morder As tuas maçãs do rosto Até chegar ao caroço. Ser o arrepio do osso, Cobra de água de cisternas, Subir pelas tuas pernas, Provocar um alvoroço Ser o dono da risada, Do ai-ai, não digas nada, Que eu tropeço na vontade Mando às malvas a prudência, Ganho fama na cidade Mas acabo mastigando, Remoendo e relembrando O sabor da existência Ás vezes, fico leve, Fico "penso, logo é breve" Fico solto de alegria E as tuas maçãs do rosto Penso, logo já mordia! É o assobio da cobra, Que se dobra e se desdobra, Na redonda melodia E tu dizes "já sabia! Já sabia que caía" No mar da tua risada, No ai-ai, não digas nada, Que eu tropeço na vontade, Mando às malvas a prudência, Ganho fama na cidade Mas acabo mastigando, Remoendo e relembrando O sabor da existência