Oh, Gildinho Olha lá quem vem chegando, chê E, pelo jeito, é visita muito importante E já vai ter que cantar um verso comigo Me dá licença, Gildinho É um missioneiro que apeia Tapeando a poeira da estrada Que herdei da terra vermelha Já que eu ando de cruzada Nos pagos do meu amigo Aproveitei o ensejo Pra tomar uns mate' contigo Te boleia e desencilha Que o rancho não tem tramela A costela tá no espeto E a água tá na gamela E eu já tô sevando um mate Com a erva de Erechim Pois te rever, Mano Lima É uma alegria pra mim Amigo Gildinho Que honra cantar contigo Meu irmão de fé e de pampa Muito obrigado, parceiro A alegria é toda minha Desculpe a pouca demora Pois nem te avisei que vinha Mas, por tu ser meu amigo É que eu cheguei de surpresa Pra te trazer um abraço E, na boia, te dar despesa Não te preocupa co, a boia Graças a Deus sempre tem E o que eu tiver sobre a mesa É dos amigos também Não te acanha, tu tá em casa Te abanca e descansa um pouco Quero saber da tua lida De pelear com a oito soco' Minha lida não é mansa Na cordeona de botão Mas, nos corcovos da vida Eu não frouxo o garrão Venho surrado de estrada Cruzando fronteira e serra Ajojado na minha sina De cantar a minha terra Eu também vivo na estrada Sei muito bem como é Paletear uma cordeona Pra indiada arrastar o pé Também não entrego os pontos Pra os manotaços da vida Contando bem, tô no lucro Entre as ganhas e perdidas Qualquer dia, eu me resolvo E aparto um pouco da gaita Num fandango dos Monarcas Me vou arrastar alpargata E, para afirmar os tento' Desta amizade bendita Dá um pulinho nas missões E vem me pagar a visita Pode me esperar que eu vou Só não te prometo quando Pois, se o meu tempo é escasso Na lida me atropelando Mesmo com pouca demora Com prazer, te recebi Que Deus te dê muita sorte Muito sucesso pra ti Bueno, Gildinho, eu vou indo Mano Lima, a pressa é tua É que a lida me atropela E a peleia continua Então, seguimos peleando De pianada e botoneira Saudando a nossa amizade Que há de ser pra vida inteira