Nunca quis que fizesse sentido Você não entende o meu objetivo Canto charlie brown Para os meus meninos Espero que um dia eles Também preguem isso Vivenciando coisas que eu vivo Da sua maneira singular Revista dos homens nas crianças Aquele menor não tinha nada Mas vai ter rodar Morreu de causa natural Isso dizia no jornal Jovem trabalhador A mãe chorava Ter que enterrar Quem ela mais amava A dor de uma mãe que perde um filho Pra nós é muito triste Pra eles não é nada Justiça faz isso de piada Os homens oprime por onde passa Reprimindo cada cidadão Que mora na favela Fica acomodadão Vejo crianças Desistindo de sonhos Porque acham que nunca vão ter uma condição A mídia põe isso na nossa cabeça Pobre sempre vai morar num barracão O que te impede de ter uma mansão Pampulha, belvedere ou sion Vamos quebrar esse paradigma Que a estrela do pobre nunca brilha Vão dizer que você é humilde Só porque veio da comunidade Desprovidos desse conceito E agregam isso com desigualdade Eu vim da favela e sou pobre loco Conquistando meu sonho aos poucos Quero ser luz pras crianças Que acham que estão presas em um calabouço As condições não estão favoráveis E esse é o motivo que eu não desisto Esse é o meu desabafo Uma revolta imensa que eu sinto Comece onde você está Use o que você tem Faça o que você pode Quando cê menos esperar a colheita vem Comece onde você está Use o que você tem Faça o que você pode Quando cê menos esperar a colheita vem Um dia tava eu e meu mano disbre Gravando um vídeo de skate na minha quebrada Salve vila suzana Ai tinha um menor viajando nas manobras Que nós tava mandando, tá ligado? Ele tava dando até uns grito vey! É doido demais Ai subimos la nele e pedimos uma água, né Eu tava equipadão com uma câmera Que comprei parcelado em 12x, mano E o menor tava encantado com ela Falando pra mãe e a vó Olha mãe essa câmera aqui, só queria ter uma também Tava felizão, mano, só que de repente O semblante dele caiu E ele fez uma expressão meio triste e disse "Mas deve ser muito caro né" Nessa hora me doeu o coração, mano Uma criança desistir de algo por que é caro Nada é tão caro que você não possa conquistar Todo ano tem uma enchente Que leva bens materiais e planos da gente Pessoas morrendo e pessoas chorando Todo ano tem um governo que diz que vai ser diferente Minha casa submersa de baixo da água Coberta de fezes, de barro e de praga Defesa civil nunca faz nada Preenche um formulário e some do nada Se o povo faz manifestação A polícia chega com arma na mão Doida pra espancar um cidadão Se der vacilo eles te joga no chão Bala de borracha, cacete e fumaça Mas pra limpar o barro não vejo os de farda Isso vem se repetindo a mais de dez anos Nadando na lama parece um oceano Só em 2020 já foram três Como se não bastasse a inundação Covid-19 na população Quem sofre na história é sempre o pobre Temos que buscar a mudança Não podemos abaixar a cabeça Não mais Nunca mais