Certa vez lá no sertão Inventou-se um arraiá E um casamento matuto Que igual não haverá Foi a festa mais bonita Que se deu no Ceará E o sapo foi-não-foi O noivo da ocasião Dona jia, sua noiva O peru, o sacristão Seu marreco foi o padre Rezou missa e louvação O tiú testemunhou O casório naquele dia O delegado tatu Garantiu a alegria O capote foi soldado E o calango foi vigia Para tocar na festança Desse grande casamento O sanfoneiro preá Afinou seu instrumento Deu um pandeiro ao grilo E o zabumba ao jumento O louva-Deus e a tanajura Começaram a dançar O vaga-lume e a borboleta Resolveram imitar A muriçoca, sua rabeca Não parava de tocar A lagarta trouxe a gaita A lagartixa o tamborim No violão, o imbuá E na viola, o cupim Dona mosca acompanhava Assobiando seu flautim Quando a noiva disse o sim Dona pata apareceu Parem logo o casamento Que esse sapo é todo meu! Começou-se um alvoroço E desse jeito aconteceu A cigarra foi dizendo Que aquilo não entendia Como pode, dona pata Encerrar toda alegria Acabando de repente O casamento da jia? Foi aí que se ouviu Minha gente, olhe só Isso é uma brincadeira! Disse o galo carijó Acalmando a bicharada Com o seu cocoricó Deu-se grande gargalhada E a festa continuou Foi até o amanhecer E ninguém nem se cansou Desse jeito aconteceu A coruja me contou