O amor dá medo quando temos Como se a paz nos apaga-se A criança que em nós não cresce A bola partindo o vidro Somos nós boicotando o plano Que traçamos convencidos E dizemos que é a vida Porque a voz vive calada Mas decidida ou cansada É como água nas frinchas Crescer é passar o tempo E ver o que sempre fomos Na gestão da liberdade Só a forma como a vemos É uma escolha consequente Porque toda a criança sabe A justiça é como a sorte E o tempo é moeda forte Toda a criança aprende Tudo que sempre soubemos Vai-nos sendo revelado É o que vamos aprendendo Ver para crer é o nosso fado Que ao chegar da tempestade Pelo vento semeado Seja chuva no telhado Seja chuva no telhado O amor é louco quando o vemos Como se o medo nos parasse A criança que em nós se afunda O homem por trás do vidro Somos nós repensando o plano Que roubamos aos sentidos E dizemos que é da sorte Porque a vida está cansada Mas ninguém vive para nada Por mais entregue ao vazio A guerra destrói a estrada Mas nada se faz sem luta Não há paz de mão beijada Não há paz de mão beijada E é na forma como crermos Que criamos esse espaço Onde toda a vontade cabe A preguiça não tem pecado E a culpa não é o arado De que a plantação depende Tudo que sempre quisemos Vai nos pondo a nós de lado É o que vamos pondo fora Que transforma o nosso espaço E acordamos com a luz Que emanamos no passado Deu à luz no meu terraço Deu à luz no meu terraço