No fundo de campo num rancho barreado Gaúcho farrapo, legenda charrua Amoitando touros pelas sesmarias De noite e de dia gineteando sonhos Leva vida bruta, mas anda faceiro Assim é o campeiro em suas andanças Respeito e coragem é a sua marca Rasgando coxilhas no lombo de um mouro Na tarde que encerra, voltando da lida Silêncio do gado ficando pra atrás Sentilas guardam a imensidão do campo Revoar de garças, símbolo de paz A noite se achega adornando o rancho A lua bordando com fios prateados A crina do pingo, fiel companheiro Um cusco ovelheiro vem fazendo alarde Ventito pampeano bateu no braseiro No reponte campeiro se aviva e se aclara Fagulhas revoam feito pirilampos Se eternizando no chão da morada Lampejo de esporas no canto do rancho Parecendo estrelas que caíram do céu À luz de um candeeiro, faca prateada Beijos da morena têm sabor de mel Nos braços da prenda, seu mundo é pequeno Inverno grongueiro branqueando aramados Suspiro de amores, pelego, aconchego Onde um taura xucro fez o seu reinado Varando a noite que é só poesia À espera do dia pra nova jornada Tem por companhia chinoca faceira, A estrela boieira e a invernada