Era uma vez, eu ia com você só pra não sentir que estava só Eu não sabia quem eu ia ser se eu desfizesse esse nó Minha oração pra ser um par e me tornar criança Criando esperança de um futuro diferente do que eu via E se repetia a cada geração de mulheres negras solidão Mas não, solidão não, mas não Era uma vez, eu ia bem sozinha e caminhar comigo era bom Não tinha mais conto de fadas e seu branco padrão Revi a história e libertei os cabelos de minha criança Eu me peguei no colo e me acalentei Soou a voz, insubmissa voz insubmissa negra voz! É que o sistema quebra quando a gente se ama Opção, opção da não repetição Soou a voz, insubmissa voz, insubmissa negra voz! Mulher é lua Sabe quando estamos beira-mar e vê-se a lua cheia refletida na imensidão das águas? Então, isso é mulher! Esse acontecimento Não se engane, mulher é loucura Mesmo quando reprimida há uma profusão de sedes na mulher Mulher é onda, mulher é vento, mulher é raiz, mulher é mistério, mulher é tempestade! Quando te bate na cara cura e machuca em um reflexo só liquefaz Mulher é lua Lua que sangra transmutações Lua animalesca, lua cíclica Mulher é dor. Mulher atordoa a dor Mulher é calma, mulher é água, bubuia, mergulho Sabe quando lavamos a alma na queda brava da água doce da cachoeira? Então, isso é mulher! Mulher é louca Eu, mulher Eu sou!