Quem se esconde por detrás Do clarão da pontaria A preço de muito ouro, Por vingança ou por agouro, Não vê o romper do dia Quem se esconde por detrás Da pistola, do clarão, Com seu apetite de morte, Sozinho apesar de forte Seu salário é solidão A bala, a bala de chumbo é grande senhor, Pequena, pequena é a bala de prata, Mas sei que o mesmo destino elas têm, Se uma mata, a outra mata... he! De colt, pistola ou rifle, senhor, O serviço é logo feito, Sua ordem se obedece, senhor, É faca ou bala no peito Quem se esconde por detrás Da pistola, do clarão, Com seu apetite de morte, Sozinho apesar de forte Seu salário é solidão. A bala, a bala de chumbo é grande senhor, Pequena, pequena é a bala de prata, Mas sei que o mesmo destino elas têm, Se uma mata, a outra mata... he! Fita de trava estirada Nos longes desse sertão, Estrada, lâmina de asfalto Fere, corta a solidão De quem, procurando a esmo Sua sorte, seu destino Se perde até na distância Que vai de si a si mesmo. Estrada é ida, é regresso, É espera, é despedida , É caminho a percorrer, É distância percorrida. Pelo tempo passa o tempo, Passa a morte e passa a vida. E a vida vai tão depressa, Que é preciso ser contida Acaba onde mal começa. Caminhar tantos caminhos, Tanta estrada caminharm Cada estrada mais caminho, Cada passo mais sozinho, Mais distância pra chegar. Esperar que um dia certo O esperado há de chegar Olhar sempre a mesma estrada Pra ver sempre o mesmo nada Sempre tempo pra esperar Pra esperar. A bala, a bala de chumbo é grande senhor, Pequena, pequena é a bala de prata, Mas sei que o mesmo destino elas têm, Se uma mata, a outra mata... he!