O sol não ilumina mais o olho bege de Gisele nem se pode saber qual dermatite escama entre os dedos e as covas das unhas doentinhas quando Gisele lava os operados não há sol no mundo que ilumine o caramelo triste do olho de Gisele e ela louva coberta de glaucoma E até as putas mais indiferentes destas ruas curvam suas orelhas à porta da igreja Batista Betel quando Gisele canta para os Lázaros às segundas e rasga uma canção tão triste quanto uma criança débil mental babando a cabeça descosturada do seu elefante de pelúcia numa cadeira de rodas na rodoviária de Recife Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol Gisele não sabe das revoluções camponesas de nenhum lugar do mundo mas vende calculadoras nos ônibus de linha ao preço de dois reais para a manutenção dos ídolos que reúne Outro dia sob a marquise de um café em Minas Gerais bêbado de conhaque e manuseando imaginário a caixa de controle do seu ex trator o viciado aponta na camisa a inscrição Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol vermelho Pro seu canto de paz eu ergo um sol