O senhor Cláudio Pereira Negociante de algodão doce e bexiga de oxigênio para crianças Parou outro dia sua bicicleta Monark modelo circular Próximo dos arcos da orla Para manifestar a maior indignação da própria vida Ele disse Não vendi nada até agora Mas eu só queria mesmo é que um dia saísse em algum jornal Nem precisa ser de televisão Que o pessoal que vende algodão doce Não coloca a boca na sacola pra encher essa desgraça de assopro ou de cuspe Até que depois a gente amarra tudo ali com baba e bactéria Dito isto Pereira pegou uma sacola de algodão ao vivo Prendeu cada ponta com dois dedos e Girou girou girou girou girou girou girou Até encher o saco E depois deu nó Sendo eu sua testemunha De que de fato a boca não encosta