Uma caminhoneta negra com alto-falantes Atravessa um jantar de escritores reunidos para dizer Roqueiros O poema em que dinamitas a cabeça De policiais militares Dentro do terreno baldio De um papel pólen bold Por exemplo Não te salvará de ser dócil De ser dócil O poema em que ateias Ácido muriático Na família do Skaf Ou desmontas um santo de ouro Para colocar os pedaços sagrados ao seu cu Por exemplo Não te salvará do Cristo Tampouco Da federação dos industriários de São Paulo Nem te salvará de ser dócil De ser dócil O poema em que estouras boutiques Lojas de cosmético Apostolados de oração, governadores O poema em que esporras O mastro republicano de um soldado Na boca de um tenente-coronel Dos agulhas negras Talvez te coloque um título Uma condecoração Mas não te salvará de ser dócil Enquanto explodes tua linguagem Para o auditório amigo O apóstolo Waldemiro Está na vanguarda do crime Pelas partes escuras da cidade Tapeando os que vão tristes com engodos Por exemplo A redenção E a esperança A esperança A esperança O poema não exime do atentado O poema não exime do atentado O poema não exime do atentado O poema não exime do atentado