Ensinada a dar os primeiros passos Já desviando os olhares, não pise em falso Não encare, se cale Se prepare pro concurso de beleza Que a sua inteligência não vale Mantenha as aparências, não fale Sorria, você tá sendo filmada Medida, domada Pra ser domesticada, sorria Mesmo violentada, permaneça calada Deve ser recatada, sorria, sorria Mas nem tanto não ser taxada de vadia A culpa é sua quando ele te assedia Nem pense em reagir, isso seria ousadia Não seja arredia, desvia, desvia Até a hora que cê vai encontrar Um homem pra te honrar Proteger e te dar um lar Pera lá, minha cota eu quero em dólar O seu plano não cola Ajoelha e implora por perdão Fala em nome de Deus, pregam alienação Eles protegem os seus e mandam na televisão Tem a ver com o capital Estratégia de opressão Eles são donos do poder Nós somos donas da revolução Se eu disser não é pokas Pro seu sermão é pokas Eu não tô a disposição Seus vacilão é pokas Cai na real, é pokas Não dou moral, é pokas Não passarão, não passarão Religiosos votam leis Criminosos seguem sem punição O sistema culpa a vítima, isso é regra e não exceção Nós somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar Não vão nos silenciar Por nós, por mim, pelas outras Já falei pra vacilão é pokas E nós não vamos parar A carne mais barata do mercado é da mulher Preta, pobre, de periferia Nós vamos acabar com esse legado Esse rastro de morte, que somos a maioria Não vamos pela fé nem pela sorte Nós somos de luta Cansamos de luto Nós somos a maioria Meu corpo não é seu produto ou mercadoria Não é bem de consumo E nós somos a maioria Por nós, por mim, e pelas outras E pelas nossas crias Não passarão, não passarão Não passarão, é pokas Se eu disser não é pokas Pro seu sermão é pokas Eu não tô a disposição Seus vacilão, é pokas Cai na real, é pokas Não dou moral, é pokas Não passarão, não passarão