Lunno

A Cidade

Lunno


Amanhece mais um dia e a cidade renasce
Com o vai e vem frenético das pessoas apressadas
Na presença esquálida dos mendigos esfomeados
Esquecidos nas calçadas
E as crianças invisíveis, abandonadas nos sinais de trânsito
Que você finge não ver e você finge não ver

E amanhece mais um dia, um dia igual a todo dia
De sol ou chuva, brisa ou ventania
Riqueza e fome, verdades e hipocrisias, riso e dor
Realidades desiguais, cruéis
E lá além desse quintal, desse  falso idealismo hipócrita
a guerra mata, a fome mata, as drogas matam... e a gente finge não ver

Pois é mais fácil ignorar do que fazer alguma coisa
Que seja olhar além do próprio umbigo
É bem mais fácil acreditar que é um cidadão exemplar
Que está contribuindo, fazendo sua parte, indo à igreja aos domingos rezar
Ir à igreja e rezar, e à sua alma lavar

Anoitece mais um dia e a cidade adormece
Com o brilho dos faróis dos automóveis  apressados
E furor da  libido das prostitutas semi nuas
Nas esquinas da cidade crua
E as famílias que mal dormem, ultrajadas  debaixo das pontes
Que a gente finge não ver, a gente finge não ver

E o que faz um cidadão comum, não ser apelar para o bom senso da política
E esperar que amanheça um novo dia,  uma nova consciência
E ter fé que as pessoas acreditem que juntas podem mudar o mundo

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