Aquela estrada que passei la no passado Ainda passa na minha recordação Longas boiadas que passavam passo a passo, hoje não passa de mera recordação Aquela estrada que já não existe mais, porque o progresso retalhou todo seu leito Hoje só resta um retrato na parede e a saudade retalhando o meu peito Aquela estrada de paisagem colorida, onde se ouvia periquitos e tuis, e maritacas barulhentas revoando e as colheirinhas penduradas no capim Lindas paineiras jogando flores no chão Dama da noite, primavera e lírio branco La na baixada o riozinho caudaloso e as borboletas coloridas no barrando Aquela estrada de poeira avermelhada Meu pai passava com seu velho carretão Seis bois de carro caminhavam sonolentos Puxando a safra de arroz, milho e feijão Aquela estrada que virou grande avenida E tantas vezes um berrante repicou O asfalto negro cobriu a terra vermelha Só não cobriu a lembrança que ficou Aquela estrada onde passaram os meus sonhos Que se perderam nas encostas dos caminhos Tantos amores que amei e não me amaram, por isso eu vivo caminhando tão sozinho Minha esperança de um dia ser feliz As enxurradas levam tudo para o mar Só não levou a minha fé que tenho em Deus Que só termina quando a morte me levar