Luiz Tatit

Marchinha do Cavalo

Luiz Tatit


Atrás de uma batida natural 
Que arrebatasse num golpe 
Um grande músico pop 
Se ligou no galope 
E pra fazer marchinhas de embalo 
Comprou logo um cavalo 

Cada vez que ele vem 
Cada vez que ele vem 
Pra dançar pra cantar 
Pra pular e galopar 
Ele chega bem perto 
Ele dá um pinote 
É de morte! É de morte! É de morte! 

Ele chega enfeitado 
Ele vem bonitão 
Por que não? Por que não? 
Por que não? Por que não? 

Ele tem um olhar tristonho 
Ele usa uma capa preta 
Ele é muito melhor que o Elvis 
Do que o Bill Halley e que os seus cometas 

Ele vem bonitão, ele vem bonitão 
Com medalhas, colares e um grande botão 
E todos em seus cavalos 
Esperando com o olhar atento 
Ansiosos e convencidos 
Que ele é cafona mas tem talento 

Calma lá, calma lá 
Calma lá, calma lá 
O galope tem hora e não pode embolar 
Um pulo mal dado de perna de pau 
Pega mal, pega mal, pega mal, pega mal 

Mas por que pega mal? 
Mas por que pega mal? 
Porque pega, porque pega 
Porque pega, porque pega 

É melhor esperar o sinal 
Ele tem todo um ritual 
Ele finge que não se abala 
Mas de repente ele grita UAU! 

Que legal, que legal 
Que legal, que legal 
O galope surpresa 
É o galope ideal 

É a marcha mais natural 
É a marcha que é regulada 
Pela batida do animal 

Que legal, que legal 
Que legal, que legal 
É melhor que pular carnaval 
É melhor que o som punk 
É melhor que o som pop 
É o galope, é o galope, é o galope 

Depois de sacudir a cidade 
Ele se manda pro campo 
No Carnaval de São Paulo, 
Entre as marchinhas de embalo 
Em vez de repetirem o Grande Galo 
Tocam a marcha do cavalo