Querência, rincão querido, do bochincho e do fandango Da boleadeira e do mango, da coxilha e da canhada Querência verde orvalhada dos ventos que se adelgaçam Repetindo quando passam, já fui tudo e não sou nada! Rincão de flor colorada no topete das morenas Do tilintar das chinelas e do umbu triste, sozinho D'onde o bem te vi do ninho, nas alvoradas serenas Desfiam, sem fim, as penas, na evocação de um carinho Querência do cusco amigo, nobre guapo e companheiro Do balcão do bolicheiro, da China linda e do trago Do paysano que anda vago sem parador nem querência E vai curtindo na ausência recuerdos de algum afago Querência do mate amargo sevado em fogão tropeiro Do redomão caborteiro que, num upa, corcoveia Da cruz carcomida e feia entre moitas de erva rala Que tristemente assinala vestígios de uma peleia Querência do carreteiro, sempre a cruzar ao tranquito Na sina de andar solito junto à carreta que passa Como duende que esvoaça levando para o infinito O fardo santo e bendito dos atavismos da raça Querência da gaita véia que, pacholeando, se espalha Do velho rancho de palha abandonado ao rigor Do pavilhão tricolor que foi sinal da batalha E, hoje, serve de mortalha do gaúcho peleador