Luiz Marenco

O Forasteiro

Luiz Marenco


Tom: G

G C D7 C D7 G D7 

                                    G° G                    Bm7 Bbm7 Am7 
Na sombra de um bolicho à beira estrada, daqueles que do mundo se perdeu 
                Am/G     D/F#       D7                        G 
Encontra-se uma gente reunida, a espera de um chamado de seu Deus 
                           G° G    G7                        C 
Perfumes de bom fumo amarelido, paredes com suas almas penduradas 
                    D7         G° G          C             D7      G 
Paciências de um lugar envelhecido, e uma coragem de quem não tem nada 


                                 D7                                  G 
Apeia um forasteiro: o que é da vida responde o bolicheiro: está cansada 
   G7                          C          A7                     D7 
A gente de bombacha anda esquecida desiludida nos beirões da estrada 
                           G       E7                         Am 
Buscamos nossa terra prometida um mundo pras crianças e pros velhos 
   D7                          G               C            D7       G 
O sul que nós sonhamos onde a vida devolva o que branqueou nossos cabelos 


     D7                   G         E7                          Am 
Mas cada ano a seca de janeiro, precede um novo inverno de asperezas 
   B7                       Em        C          A7              D7 
Parece que o destino do campeiro não pode pedir mais que pão na mesa 
       B7                       Em       E7                      Am 
E aos poucos, o que diz o bolicheiro se multiplica em vozes pelo ar 
   C            D7         G° G              C             D7    G 
E volta a se calar o forasteiro, junta o violão no peito pra cantar 


    D7                        G       E7                       Am 
Já vi quase de tudo em minha vida, a séculos que ando pela estrada 
      D7            B7         Em             C              E7 Eb7 D7 
Vi a morte sobre a terra prometida, e a vida sobre a terra abandonada 
                              G         E7                        Am 
Vi um homem pondo fogo na colheita, enquanto outro semeava num deserto 
    D7            B7            Em             C               E7 Eb7 D7 
Já vi perto o que ontem era um sonho, e longe vi o que sempre fora certo 


                           G        E7                          Am 
Um povo sonha Deus a sua imagem, e Deus devolve a terra a cada povo 
    D7         B7           Em                C            E7 Eb7 D7 
Moldada no trabalho e na coragem que o povo usou pra levantar o sonho 
                           G       G7                       C 
Aqui é nosso inferno e paraíso, a vida é uma planta por cuidar 
                 D7         G° G    C             D7          G 
A que morrer por ela se preciso, o sul somente o sul pode salvar 


   D7                        G        E7                           Am 
Assim falou pro povo o forasteiro, depois montou e envolto num clarão 
   B7                  Em         C             A7          D7 
Sumiu emoldurado pela tarde, bem como o sol dissipa a serração 
     B7                          Em      E7                          Am 
Uns dizem que mais altos que os cerros ele segue abençoando este rincão 
     C          D7             G° G          C              D7  G 
Mas muitos acreditam que essa gente ouviu a voz do próprio coração 


   D7                            G           E7                         Am 
O certo é que um a um se foi às casas, por que havia uma planta por cuidar 
  D7            B7        Em             C               E7 Eb7 D7 
Arar a terra a cada madrugada, para a semente que há de germinar 
                                G         G7                          C 
O homem faz seu Deus que faz o sonho, um sonho azul maior que este lugar 
                   D7           G° G            C         B7  Am  G 
Na luz que vem dos olhos dessa gente, o sul um dia se iluminará 

Int.