O canto claro de um galo Fez fiador pra madrugada Que retouçou campo afora No lombo duro de geada Plantou nuvens de fumaça Nas ventas da cavalhada A bota busca o estrivo E o Baio campeia a volta Já me acho enforquilhado E convido a minha escolta Um Brasino carrapicho Que, onde pega, não solta Depois de habitar o poncho, que traz cismas de braseiro Bem quinchado de chapéu, rancho rude do campeiro Pra escorar lichiguanas no inverno mais grongueiro Pra escorar lichiguanas no inverno mais grongueiro Quem nasceu nesta querência Não afrouxa nem um tento Embuçala o seu destino Sabe trançar sentimentos Pois tem a alma pilchada De sanga, fogão e vento Por isso, trago a constância De cantar o chão nativo Sobram razões pra fazê-lo A lida empresta motivos Piso sempre a terra firme Mesmo tendo o pé no estrivo Quando o fim do dia chega, junto ao galpão, desencilho E canto tudo o que eu fiz pra guitarra que dedilho Na certeza que, amanhã, ela conta pra meu filho Na certeza que, amanhã, ela conta pra meu filho O canto claro de um galo fez fiador pra madrugada